A incorporadora imobiliária chinesa Evergrande parece ter perdido o prazo para o pagamento de US$ 83,5 milhões em pagamentos de juros dos seus títulos corporativos a investidores internacionais nesta quinta-feira (23) e a Capital Economics avalia que é uma questão de tempo até que a empresa entre em default (situação de inadimplência).
“Mesmo que um default seja evitado no curto prazo, é improvável que a Evergrande consiga sair deste predicamento”, diz Julian Evans-Pritchard, economista sênior de China da Capital Economics, em nota. “Com o pagamento de juros já causando problemas, é difícil ver como a firma pode pagar os principais dos seus títulos corporativos, quando eles começarem a vencer, no começo do ano que vem”.
O grupo está entrando agora em um período de tolerância de 30 dias, durante o qual ele ainda pode acertar as contas com os seus credores antes de entrar em default, mas a perda do prazo eleva os receios sobre a capacidade da companhia de gerencias a sua carga de dívidas de US$ 305 bilhões.
“A não ser que os juros da sua dívida caiam de maneira acentuada, refinanciar a dívida no mercado de títulos não será uma opção sustentável. E poucos bancos estarão dispostos a elevar a sua exposição a crédito envolvendo a Evergrande”, explioca o economista.
Evans-Pritchard diz que os problemas de liquidez da Evergrande não devem se alastrar para outras incorporadoras imobiliárias, e que os riscos para o sistema financeiro parecem gerenciáveis. “Dado que os legisladores [chineses] parecem compartilhar desta visão, eles provavelmente deixarão a Evergrande e seus credores chegarem a uma resolução” para reestruturar a dívida da incorporadora como um próximo passo, conclui.