Enquanto a indústria brasileira vem desacelerando ao longo de 2021, as empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM) caminham no sentido contrário. A pesquisa Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), atualizada até setembro, aponta queda de faturamento (1,5%) e da utilização da capacidade instalada (0,2 ponto percentual) do setor, terceiro recuo seguido dos índices.
Em contrapartida, as principais indústrias da Zona Franca de Manaus faturaram R$ 116,59 bilhões, um crescimento de 42,27% na comparação com o mesmo intervalo de 2020 (R$ 81,95 bilhões) e quase o dobro em relação a 2019 (R$ 66,42 bilhões), de acordo com dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). O órgão estima que o faturamento do PIM até dezembro deve ficar entre R$ 140 bilhões e R$ 145 bilhões.
Embora os levantamentos sejam diferentes, o recorte é possível tendo em vista que a CNI acompanha a evolução nacional e a Suframa faz o recorte regional.
Em relação às exportações, as vendas do PIM para o mercado externo também fecharam os nove primeiros meses do ano em alta, de acordo com o balanço da Suframa. Até setembro, o polo exportou o equivalente a US$ 331.92 bilhões, o que indica crescimento de 25,08% na comparação com o mesmo período de 2020, quando o resultado das exportações registrou US$ 265.37 bilhões. A alta foi impulsionada pela variação da taxa de câmbio.
O setor industrial brasileiro de transformação não abriu vagas de emprego. Cresceu 0,1% em agosto e ficou estagnado em setembro, embora tenha acelerado o número de horas trabalhadas, recuperando parte das perdas dos meses anteriores. Os dados da Suframa caminham no mesmo sentido. Indicam que o PIM mantém a média anual de pouco mais de 100 mil postos de trabalho (102.555), mas, entre setembro do ano passado e o mesmo mês deste ano, criou 4,57% novas vagas nas maiores empresas instaladas na região.
Gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo avalia que os dados da indústria nacional ainda são positivos. “No recorte anual, o emprego cresceu 3,7%, a utilização da capacidade instalada continua acima de 80%, as horas trabalhadas na produção cresceram pela primeira vez desde janeiro de 2021 e a massa salarial real se mantém estável”, diz.
O superintendente da Suframa, Algacir Polsin, também é otimista. Avalia positivamente os principais indicadores do PIM — faturamento, emprego e volume de produção — e acredita que até dezembro “os números possam avançar, porque este é um período do ano de ampliação da demanda interna, por conta do Natal e da Black Friday, que tendem a impulsionar o consumo”. Observou ainda que há um crescimento nos projetos de investimentos aprovados pelo Conselho de Administração da Suframa. Em 2020, foram 146; em 2021, já somam 156 até agora.
O otimismo de Polsin se baseia na performance anual das quase 500 empresas instaladas no PIM. Para se ter uma ideia, 25 dos 26 subsetores de atividades do PIM, com indicadores apurados mensalmente pela Suframa, apresentaram crescimento entre janeiro e setembro em relação ao mesmo período de 2020.