Por André Jácomo*
No primeiro semestre de 2021, as pesquisas de opinião, que claramente estavam orientadas para mapear com antecedência o retrato da corrida eleitoral, traziam um dado bastante relevante: os problemas mais importantes e notáveis na percepção dos brasileiros.
Naquele momento, as pesquisas mostravam que dois problemas concorriam e disputavam o centro da atenção do debate público do país: saúde e economia. Estávamos no auge da pandemia, e a percepção do problema da saúde era um pouco maior do que a do problema da economia. Mas, um fato chamava a atenção: mesmo no momento com maior gravidade no número de casos e mortes no Brasil, as citações à saúde como o maior problema do país estavam abaixo do que já mensurado em outras pesquisas mais antigas.
Para ilustrar: a saúde pública chegou a ser citada por 48% dos brasileiros como o principal problema em pesquisas divulgadas em junho de 2013, quando, durante a Copa das Confederações, diversos grupos pediam que o governo priorizasse gastos em hospitais em detrimento de estádios de futebol. Em dezembro do ano passado, pesquisa do DataFolha apontou que 27% dos brasileiros consideravam a saúde como o principal problema enfrentado pelos brasileiros.
A grande questão é que, mesmo no auge da pandemia, outro(s) problema(s) já ganhava(m) a notoriedade da população brasileira: os problemas econômicos. Na mesma pesquisa, o binômio econômico mais importante para a população (inflação e desemprego) já aparecia em seguida na percepção dos principais problemas do país.
Passada a pandemia, o que as pesquisas mostram agora é que quase metade dos brasileiros apontam os problemas econômicos como o principal problema do país. E o nível de estresse financeiro dos brasileiros está em alta. Uma pesquisa do Instituto FSB Pesquisa para a SulAmérica, mostrou que 52% dos brasileiros concordam que sempre ficam estressados com as despesas e compromissos financeiros de suas casas. A mesma pesquisa mostrou que, atualmente, apenas 26% dos brasileiros conseguem ter gastos mensais inferiores às suas rendas.
E como o bolso costuma ser uma das partes mais sensíveis do corpo humano, acompanhar esses indicadores podem ajudar a explicar as flutuações nas pesquisas eleitorais.