O Brasil tem sido terreno de casos já clássicos do que não deve ser feito em política econômica. Aprendemos a duras penas que congelamento de preços não funciona; que confiscar poupança, menos ainda; e que a inflação é um mal em si que precisa ser extirpado no nascedouro. Esses são instrumentos e sintomas de um mal maior com o qual — este, sim — temos tido dificuldade de lidar. Se já temos alguma experiência e entendimento sobre o que fazer ou não depois que a inflação aparece, ainda derrapamos naquilo que gera processos inflacionários graves. No caso, os descaminhos da política fiscal ainda nos assombram.
Aqui também, de certa forma, há muito entendimento consolidado sobre o que fazer. A duras penas conquistamos regras fiscais importantes, especialmente a regra do teto, mas também lá atrás em 2001 tivemos a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal. Mas esse conhecimento acumulado não foi suficiente para impedir que o regime fiscal desmoronasse nas últimas semanas. De nada adianta dizer que o gasto público em relação ao PIB em 2022 será menor do que no início do governo Bolsonaro, ou que foi apenas um ajuste com objetivos sociais.