Investir em serviços oferecidos por proptechs e idealizar planos focados na realidade dos consumidores são fundamentais neste ano
Por Wagner Dias*
Nos próximos meses, alguns acontecimentos impactarão a economia do Brasil. Eventos como anúncios das recorrentes subidas da Taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e de Custódia), eleições presidenciais e Copa do Mundo são alguns dos itens previstos neste calendário. Assim como em todos os segmentos, o mercado imobiliário também sentirá os reflexos dessas ocasiões.
Nosso país passa por um período em que o panorama de investimentos no mercado imobiliário apresenta maiores desafios que em momentos anteriores recentes. Construtoras e incorporadoras devem adotar posturas que sejam favoráveis aos seus projetos. Soluções para resolver este problema podem surgir de diversos lados, especialmente com o foco em tecnologias que servem para sanar as dores dessas incorporadoras e auxiliarem essas empresas a estarem à frente de seus concorrentes.
O papel das proptechs
Para fugir desses problemas de mercado, é preciso driblar incertezas sobre a economia. No caso do mercado imobiliário, fazer análises minuciosas sobre os projetos que estão sendo planejados. Para obter êxito, as incorporadoras precisam ser assertivas na escolha dos negócios em que investirão antes mesmo de adquirir o terreno que construirão um empreendimento.
Para cumprir esta etapa delicada do processo, investir em soluções oferecidas por proptechs (startups do mercado imobiliário) é fundamental para diminuir os riscos e acertar em cheio o modelo e a localização do empreendimento.
Há no mercado um variado cardápio de proptechs, tanto as que auxiliam no projeto e na viabilidade de um empreendimento, quanto as que são procuradas pelas incorporadoras em outras fases do projeto, aquisição, construção e até mesmo na reta final das obras.
É óbvio que investir em parcerias com startups não é a resolução de todos os problemas das construtoras e incorporadoras neste ano. Mas é uma saída que pode acelerar etapas que normalmente levariam meses. Além do mais, se mostra a mais viável e disponível para o mercado neste momento.
O apoio tecnológico, criatividade e uma boa gestão financeira, mesclados com o foco no consumidor final, podem ser a chave para o sucesso das incorporadoras nos próximos meses.
Outras dificuldades
O mercado imobiliário deverá ainda sofrer com o aumento da Selic, que é uma tendência para os próximos meses. Por isso, investidores devem ter opções mais lucrativas em seu radar de aportes, opções que oferecem maior rentabilidade, menos riscos e liquidez imediata, o que dificilmente é encontrado em investimentos no mercado imobiliário. Com isso, outras opções de investimentos devem tomar o lugar dos investimentos imobiliários.
Assim, o capital que antes era investido em negócios no mercado imobiliário deve estar abaixo quando comparado com os valores que foram investidos em 2021, período em que a Selic era mais baixa do que é neste momento. Afinal, com as incertezas que pairam no cenário econômico, social e político, investidores buscam investimentos que ofereçam menor risco e sejam mais rentáveis.
Até então, o presidente da Caixa Econômica Federal anunciou que os juros para quem for adquirir uma nova casa própria serão mantidos mesmo com a alta da taxa Selic Afinal o sistema financeiro da habitação é baseado no FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), o que mantém o consumo imobiliário aquecido, tendo em conta que a CEF detém mais de 60% dos financiamentos imobiliários do Sistema Financeiro da Habitação Nacional. O número de aquisições poderá cair neste ano mais pelo receio da população em assumir uma dívida neste cenário de incertezas do que pelo custo do capital.
Quando as coisas devem melhorar?
O cenário do mercado imobiliário é desafiador até o fim deste ano, mas a tendência é que no próximo ano as coisas melhorem. Com o passar das eleições presidenciais, o governo que for eleito deve focar na retomada econômica do país.
Para que a melhora seja concretizada, é necessário que haja reduções das taxas de juros. Isso exigirá cautela da equipe econômica do governo a ser eleito. Além disso, este precisará de atenção, visão e inteligência para agir no momento certo para implementar essa medida. Com isso, o mercado imobiliário deve voltar a receber maiores aportes e se reestruturar depois de um período difícil.
A previsão é que em 2023 o mercado esteja mais aquecido. As altas das taxas de juros não fazem mais sentido para um país como o Brasil. Tendo isso em mente, as incorporadoras precisam focar em fazer análises minuciosas de mercado, buscando o maior número possível de informações relevantes e indicadores sobre as inúmeras possibilidades de desenvolvimento de empreendimentos imobiliários.
O desafio é grande, mas há alternativas que podem influenciar para que 2022 deixe de ser um ano que seria “para se esquecer” e se transforme em um ano “para se comemorar”. Investir em serviços oferecidos por proptechs, idealizar planos de negócios focados na realidade dos consumidores finais e ter ciência dos obstáculos que serão enfrentados pelo setor neste ano podem ser a chave do sucesso para superar os próximos desafios.